A Revista Profissão Mestre de Julho de 2011 - Edição nº 142 publica reportagem sobre a importância da intervenção do professor para evitar o problema.
O exemplo de quem foi vítima
Ninguém melhor que uma vítima de bullying para falar sobre ações práticas para reduzir ou erradicar esse mal que teima
em se assentar nos bancos escolares. Pós-graduada em Qualidade na Educação Básica pela Secretaria-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington, D.C, a pedagoga Sueli Dib é vítima assumida das agressões em ambiente escolar.
Entre os 5 e 9 anos, foi chamada por apelidos
como “rolha de poço”, “gordinha” ou “baixinha de cabelo pixaim”. Já na adolescência
sofreu com outros chamamentos depreciativos,
como “Olívia Palito” ou “nariz
de bruxa”. Nas aulas de Educação Física, nunca era escolhida para participar de qualquer
esporte e era deixada sempre na “reserva”
do time. Chegou até a apresentar atestados
médicos para faltar à aula. O isolamento se tornou uma característica. “Só os mais parecidos com você chegam perto, é algo como uma doença contagiosa”,
conta.
Sem o amparo que precisava, Sueli se conformou com a situação e, por muito tempo, a baixa autoestima foi sua companheira. “Fiquei na reserva toda
a minha vida escolar e nenhum professor atentou para o fato. Bullying é tudo
isso”, alerta.
Sueli conta que sobreviver sem ajuda não foi fácil. Sentia-se humilhada, excluída e nutria apenas o desejo de distanciamento, além de pensamentos sobre
como acabar com a própria vida. “Todos foram omissos ao meu sofrimento.
Era uma estudante muito infeliz, e morria por dentro”, desabafa.
Mas o resgate, se demorou, ocorreu justamente pelas mãos de uma professora.
“Os elogios de minha professora de português sobre meu desenvolvimento
acadêmico foram minha salvação. Hoje vejo a importância daquela mulher em minha vida. Ela ensinava pelo exemplo, mostrava que diferenças
são inevitáveis”, diz Sueli. “A partir daí, a resiliência tornou-se parte da minha essência. As marcas foram mitigadas, mas não esquecidas. Elas são permanentes, como uma cicatriz na pele. Hoje lido com o bullying praticando
os bons ensinamentos da minha mestra, transformando o meu passado em história”, ensina.
Identificar o limite entre uma gozação simples e o bullying aparenta ser tarefa
delicada. Porém, Sueli explica que é bem mais fácil do que parece. “Basta que o professor fique atento na sala para distinguir o limiar entre uma piada aceitável e uma agressão. O educador deve se colocar no lugar da vítima e se perguntar: o apelido é mesmo engraçado? Como eu me sentiria se fosse chamado
assim?”, recomenda a pedagoga.
Fonte: www.profissaomestre.com.br
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